sexta-feira, 25 de maio de 2012

ENSINANDO A LEITURA

ENSINANDO A LEITURA
O livro Leitura: Ensino e Pesquisa da autora Angela Kleiman faz uma alocução ao ensino de leitura nas escolas.Em um dos capítulos de seu livro, ela relata sobre a formação precária de alguns professores na área da leitura no qual traz consequências a qualidade de ensino. Colocarei alguns tópicos do livro neste texto.
A leitura é uma atividade subjetiva, ou seja, se passa no íntimo do sujeito pensante e varia de acordo com o julgamento, e como ensina-la já que cada leitor tem uma carga experiencial diferente?
 Angela kleiman em base em seus estudos, enfatiza que deve demostrar ao aprendiz,uma expectativa referencial ao conteúdo do texto, quanto mais à criança previr o conteúdo maior será sua compreensão. Ensinar a utilização de muitas fontes de conhecimento seja ela linguísticas, discursivas e enciclopédicas para resolver falhas momentâneas no processo.
Ensinar antes de tudo que o texto é significativo,que as sequencias contidas no texto só tem valor na medida em que dão suporte ao significado global. Isso não implica em apenas ensinar conjuntos de estratégias, mas criar uma atitude de leitura que faça procurar pela coerência.
 Um fator também muito importante que Angela Kleiman propõe é o quadro referencial proposto pelo autor do texto, que salientam e hierarquizam informações que dão coesão funcional no nível macroestrutural do texto,macroconectivos ou predicações que marcam a linha temática e a criação dessas condições em sala de aula para que o aprendiz interajaglobalmente como o autor via texto. Suas pesquisas demostraram claramente que as criações dessas condições para o aluno engajam aptidões de compreensão textual.
Angela kleiman dita alguns fatores que implicam na formação de bons leitores:
Nas escolas é comumente a leitura de auto avaliação (leitura em voz alta), este tipo de prática pode inibir a capacidade de compreensão textual, por isso deve ter em mente o que deve ser avaliado, a auto avaliação éum bom método para descobrir se o aluno conhece as regras ortográficas da língua, entre grafia e som e os diversos tipos de pontuação.
A leitura em voz alta pode ser um agente inibidor de um bom leitor e se tornar complexa para a criança, o aluno preocupa-se com a decodificação, poisno momento da leitura, sendo avaliada pelo professor e os colegas, a criança apenas esta preocupada com a pronunciação correta e não em formar unidades de significação. . Uma boa proposta é a da leitura silenciosa,essa exclui a preocupação com a pronunciação e a entonação, permite a criança envolver-se na busca de significados utilizando seu próprio ritmo de leitura e as regressões ou releituras que se lhe fizerem necessárias.
O aluno quando solicitado a ler em voz alta pode ser prejudicado na leitura, onde percebendo que o texto não está fazendo sentido, não pode relê-lo uma vez que o professor espera que a leitura seja contínua e progressiva.
A prática da leitura sem orientação,não desenvolve bons leitores, na qual exemplificada pela prática do professor de solicitar a classe “abrir o livro na pagina x e ler...”, ao invés de preparar o aluno a engajar seu conhecimento prévio antes de começar a ler.Trazer a memória do aluno o assunto a fim de facilitar a compreensão. Amaneira adequada de ativar o conhecimento prévio consiste em fornecer objetivo à leitura. Um exemplo disso é relatar ao aluno a proposta do texto, os detalhes e a ideia geral. À criança deve aprender a adaptar suas estratégias de leitura e de abordagem do texto.
Angela kleiman relata em seu livro, suas pesquisas realizadas em escolas públicas e particulares.O conteúdo auxilia os profissionais a instruir e organizar com competência o ensino de leitura no qual é primordial para melhora textual do aluno, pois o valor do material contido em sua publicação é de grande importância para o ensino da leitura.
Fonte:Leitura: Ensino e Pesquisa, São Paulo, SP: Editora Ponte, 213 pgs. 3a.edição, 2000.
Kleiman, A. B. 1991. (org.)

Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever?


Resumo: Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever?, de Angela B. Kleiman

por Barbara Malato

No capítulo introdutório do livro, a autora diz que o conceito de letramento é um tanto confuso, uma vez que é um termo utilizado por diversas áreas, como didática, pedagogia, linguística aplicada. Por esse motivo, ela prefere explicar antes o que o letramento não é, para então esclarecer o conceito.

Em primeira instância, Angela Kleiman explica que letramento não é um método de ensino, mas baseia-se na imersão da criança, do jovem ou do adulto no mundo da escrita e da leitura. Para tal fim, os professores podem adotar práticas cotidianas em sala de aula que envolvam a constante presença de textos, livros, revistas, placas, etc, visando ampliação de vocabulário e de conhecimento e fluência de leitura do aluno.

A seguir, a autora diz que letramento não é alfabetização, mas estão associados. A alfabetização é constituída de prática (concretizada em sala de aula, liderada por um especialista – nesse caso, o professor), conjunto de saberes sobre o código escrito (esfera em que podemos denominar um individuo analfabeto, semi-analfabeto, semi-alfabetizado e alfabetizado, de acordo com os níveis de saber que ele apresenta) e processo de aquisição (que envolve sequências de operações cognitivas e engajamento físico-motor, mental e emocional).

A alfabetização precisa de um ensino sistemático, diferentemente de outras práticas de letramento, onde se é possível aprender apenas olhando os outros fazerem. Uma pessoa que saiba a função de um bilhete, de um rótulo, mesmo que marginalmente, é considerada letrada, mas não necessariamente ela é alfabetizada. Como prática escolar, a alfabetização é de suma importância: todos que desejam participar de forma autônoma da sociedade devem ser alfabetizados.

O letramento também não pode ser considerado uma habilidade, mesmo que seja composto de um conjunto delas e de competências. A leitura de um jornal, por exemplo, envolve muito mais habilidades e competências do que parece. O leitor sabe o significado de manchetes maiores ou menores, sabe em que parte do jornal vai achar certo tipo de notícia. E estas capacidades nada têm a ver com a capacidade de leitura propriamente ditas.

No segundo capítulo, Kleiman explica que o letramento é um conjunto de práticas de uso da escrita mais amplo do que as práticas escolares, mas que as incluem. Então, ela traça comparações entre as práticas letradas dentro e fora da escola:
  •  Prática coletiva e cooperativa X prática individual e competitiva: dentro da escola, alunos competem entre si, enquanto fora da sala de aula, eles se ajudam nas diversas atividades que envolvem ler (e.g: procurando um endereço num guia de ruas); leituras comunitárias em sala de aula são um bom jeito de aproximar a vivência escolar da vivência extraescolar.
  • Prática situada X abstração: fora da sala de aula há uma tendência humana de contextualizar a ação, ou seja, o modo com que se realiza uma atividade, o recurso que se mobiliza, o material que se utiliza são diferentes de acordo com a situação em que se encontram. Já as práticas escolares são desvinculadas da situação de origem, indiferentes à situação. Quando mudam os objetivos, mudam as estratégias de leitura.
O terceiro capítulo discorre sobre o letramento escolar. Ali ela diferencia estudantes que crescem em metrópoles, rodeadas de outdoors, placas, anúncios e avisos de todos os tipos - que mesmo antes de aprenderem o valor fonético das letras, já leem o que lhes é familiar (e.g. o M do McDonald’s e a grafia cursiva da Coca-Cola) –, de crianças que crescem em áreas rurais, portanto sem tais recursos visuais. Além disso, crianças que participam de eventos de letramento no lar, associa a leitura de um livro a algo prazeroso, embora esse não seja um sentimento universal, uma vez que adultos que não tiveram contato ou que tiveram dificuldades com a leitura de livros, associam a atividade a algo desconfortável.  A autora realça, ainda, que permitir e ajudar que os alunos deem asas à imaginação na hora da leitura de um livro é essencial para que eles contextualizem a história do livro.

Unir práticas didáticas com acontecimentos do dia-a-dia é uma boa forma de permitir que os alunos compreendam as funções dos gêneros e da escrita. Quando o foco está na prática do letramento, é menos provável que se engaje o aluno em atividades de “faz de conta”.

Em seguida, Kleiman discorre sobre a hibridicidade das situações cotidianas: dependendo da formalidade ou informalidade da situação, podemos usar a linguagem escrita ou a oral, uma vez que a relação entre a oralidade e o letramento não é de oposição, mas de continuidade. Outra forma de conceber a relação entre os diversos gêneros é a classificação por “famílias” de textos, que se baseia nas semelhanças de função e estrutura do gênero.

Para a autora, o professor deve usar do letramento para continuar a aprender e, consequentemente, ensinar. Para formar leitores, o professor deve ser totalmente letrado e gerir saberes.

Conclui, então, que o letramento pode começar com atividades práticas simples, que visam extrair as informações dos textos. Este trabalho deve permitir também que a criança experimente diversos modos de agir por meio de manuseio e “escaneamento” de revistas ou mapas à procura de informações e leituras atentas. Porém, acima disso, no contexto escolar, o letramento inclui a capacitação de leitura de textos que circulam nas mais diversas esferas sociais. A criança somente passará a escrever se for tão fluente na escrita como é na fala e, para isso, é preciso fazer uso de abordagens e recursos de desvendamento de texto e ensinar o processo sócio-cognitivo que está por trás da compreensão da escrita.

Leitura e Interdisciplinaridades: Tecendo Redes nos Projetos da Escola


Esta resenha foi escrita por Valdec Romero Castelo Branco, mestre em administração de empresas e educação, disponível na integra no site: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/resenha-do-livro-leitura-e-interdisciplinaridade-tecendo-redes-nos-projetos-da-escola/46934/

Esta é uma resenha do livro “Leitura e Interdisciplinaridades: Tecendo Redes nos Projetos da Escola” de Ângela Kleiman em 1999. P.H.D. em Linguística na University of Illinois, EUA, e também mestra em TESL (Teaching of English as a Second Language) na mesma universidade, Atualmente é professora Titular no Departamento de Línguistica Aplicada da UNICAMP. Suas áreas de pesquisa principais são a leitura e o letramento, com foco no letramento do professor. Na qual Valdec Romero deixa claro que no livro Ângela se retém em sua especialidade.
Romero apresenta seus argumentos, assim como os da autora de forma clara, objetiva e coesa. Tornando assim sua produção prazerosa de se ler, seu texto esta dividido em tópicos, argumentando seus pontos de vistas com base na teórica Kleiman, na qual eles refletem sobre as exigências impostas as instituições de ensino, bem como os projetos de ensino pedagógicos, e os desempenhos das instituições perante os aspectos sociais “extraescolares”.
Assim Romero, começa com a influencia das escolas nos valores sociais dos alunos, em que os autores alegam que a escola reflete os grandes problemas da sociedade contraditória. A começar pelo ensino fragmentado, na qual os alunos são forçados a aprender disciplinas de maneira dispersas entre elas, sem levar em conta valores e necessidades sociais do individuo e da comunidade.
Com isso a resenha traz uma proposta de projeto para diminuir esses problemas, que seria a implantação de interdisciplinaridade e transversalidade entre as disciplinas e aspectos sociais nas escolas. Mas como promover estes projetos? Kleiman propõem que isso seja promovido pela leitura, bem comum entre todas as disciplinas, e grande precursor social e cultural. Entretanto para isso as escolas e os professores de todas as disciplinas, teria que introduzir o hábito da leitura em sala de aulas com temas sobre a política, cultura, meio ambiente, enfim temas úteis, para o dia-a-dia dos estudantes. No entanto Kleiman deixa bem claro que isso não é função estritamente do professor de língua, pois todo professor é um educador e deve incentivar a leitura.
A intenção teste projeto seria transformar alunos receptores, em alunos pesquisadores através da leitura, ou seja, a função docente não é só jogar conhecimento sem nexo e esperar que meia dúzia de alunos aprenda, e sim ensinar algo útil à vida deles, promovendo a interdisciplinaridade entre as matérias para preencher as lacunas possivelmente deixadas por algumas delas. E promover também com leitura a capacidade dos estudantes de correrem atrás de novas informações, ensinar os pupilos a aprenderem sozinhos, desenvolvendo por ventura um senso critica e social. Assim como os professores deve ser capacitados para essa nova abordagem educacional, pois eles devem permanecer de mente aberta para temas da atualidade, presente na vida do aluno.
Como já dito esta resenha critica foi muito bem elaborada pelo autor Valdec Romero, com argumentos plausíveis, e de certa forma óbvios. São argumentos básicos do dia-a-dia de um corpo docente, que dispensa experimentos de carga cientifica exagerada, mas de suma importância nos estudos linguísticos sociais, tendo como base referencial o livro da autora Ângela Kleiman, grande estudiosa da linguagem.
Mais informações e artigos sobre Ângela Kleiman no site: http://www.letramento.iel.unicamp.br/portal/?page_id=106

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Abordagens da Leitura
SCRIPTA, Belo Horizonte, v.7, n.14, p. 13-22, sem. 2004
Ângela B. Kleiman, Ph. D. pela Universidade de Illios, EUA, e professora titular do Departamento de Linguística Aplicada na UNICAMP. Desenvolve sua pesquisa nas áreas de leitura e letramento, com foco no letramento do professor. É autora de numerosos trabalhos sobre leitura e alfabetização de adultos.

Este trabalho tem por objetivo evidenciar as abordagens da leitura da Linguística Aplicada, tanto na pesquisa quanto no ensino da leitura ao longo de vinte e cinco anos de pesquisa sobre o assunto nesse campo. Na primeira parte do texto, examinamos as transformações teórico-metodológicas da pesquisa na área; na segunda, focalizamos as transformações no campo didático, reconstituindo as abordagens didáticas mediante a análise de texto em três livros didáticos com a finalidade de determinar o perfil de leitor pressuposto nos manuais, comparando-o com a caracterização do sujeito leitor na pesquisa. Ângela B. Kleiman.

A obra: Muitos estudiosos das diversas ciências da linguagem apontam a diversidade e pluralidade de enfoques possíveis de serem adotados quando se estuda a leitura.

Os estudos da leitura são considerados como prática social, e subsidiada pelos estudos do letramento.

O foco da pesquisa nos mostra a existência de duas etapas no desenvolvimento das abordagens na linguística desde a segunda metade da década de 70, período em que começou a pesquisa sobre o tema: uma abordagem psicossocial e uma abordagem sócio-histórica.

Os estudos sobre a leitura em língua materna tiveram um grande desenvolvimento, sem dúvida impulsionada pela mídia. Em decorrência da influência dos estudos linguísticos textuais, a pesquisa se ocupou em explicar aspectos da compreensão ou da incompreensão dos sujeitos, em situações mais complexas que relacionavam a percepção e a legibilidade textual.

Os modos de leituras procuram mostrar sobre as construções sociais dos saberes em eventos que envolvem interações. A pesquisa sobre a leitura incorpora novos objetos construídos em campos muitas vezes, busca reconstruir, no dialogo ou no discurso, a história social do leitor.

O pesquisador procura entender o funcionamento da escrita nas práticas, da escrita, desnaturalizando sua relação com o poder.

A relação entre imagem e texto verbal mostra que continua a valorização da linguagem. Na escola continua a prevalecer o letramento verbal sem discutir a relevância do conceito de letramento para o ensino e a aprendizagem nos livros didáticos com imagens contribuindo para o sentido do texto.

Nos primeiros anos de contato do aluno com a língua escrita, ou seja, aquele período em que está em processo de aquisição dos fundamentos do código da língua escrita ele passa a ampliar o seu conhecimento cognitivo.
Os livros didáticos antigos são superestimados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que facilitam inserção deste material nas escolas, cujos mesmos já foram comprovados estarem desatualizados, em razão dos valores sociais exigidos aos grupos que a escola deve atender. Esses valores visam o desenvolvimento de outros letramentos utilizando-se de imagens mais contemporâneas e envolventes sem fugir do contexto social.