Abordagens da Leitura
SCRIPTA, Belo Horizonte, v.7, n.14, p. 13-22, 1º sem. 2004
Ângela B. Kleiman, Ph. D. pela Universidade de Illios, EUA, e professora titular do Departamento de Linguística Aplicada na UNICAMP. Desenvolve sua pesquisa nas áreas de leitura e letramento, com foco no letramento do professor. É autora de numerosos trabalhos sobre leitura e alfabetização de adultos.
“Este trabalho tem por objetivo evidenciar as abordagens da leitura da Linguística Aplicada, tanto na pesquisa quanto no ensino da leitura ao longo de vinte e cinco anos de pesquisa sobre o assunto nesse campo. Na primeira parte do texto, examinamos as transformações teórico-metodológicas da pesquisa na área; na segunda, focalizamos as transformações no campo didático, reconstituindo as abordagens didáticas mediante a análise de texto em três livros didáticos com a finalidade de determinar o perfil de leitor pressuposto nos manuais, comparando-o com a caracterização do sujeito leitor na pesquisa. Ângela B. Kleiman”.
A obra: Muitos estudiosos das diversas ciências da linguagem apontam a diversidade e pluralidade de enfoques possíveis de serem adotados quando se estuda a leitura.
Os estudos da leitura são considerados como prática social, e subsidiada pelos estudos do letramento.
O foco da pesquisa nos mostra a existência de duas etapas no desenvolvimento das abordagens na linguística desde a segunda metade da década de 70, período em que começou a pesquisa sobre o tema: uma abordagem psicossocial e uma abordagem sócio-histórica.
Os estudos sobre a leitura em língua materna tiveram um grande desenvolvimento, sem dúvida impulsionada pela mídia. Em decorrência da influência dos estudos linguísticos textuais, a pesquisa se ocupou em explicar aspectos da compreensão ou da incompreensão dos sujeitos, em situações mais complexas que relacionavam a percepção e a legibilidade textual.
Os modos de leituras procuram mostrar sobre as construções sociais dos saberes em eventos que envolvem interações. A pesquisa sobre a leitura incorpora novos objetos construídos em campos muitas vezes, busca reconstruir, no dialogo ou no discurso, a história social do leitor.
O pesquisador procura entender o funcionamento da escrita nas práticas, da escrita, desnaturalizando sua relação com o poder.
A relação entre imagem e texto verbal mostra que continua a valorização da linguagem. Na escola continua a prevalecer o letramento verbal sem discutir a relevância do conceito de letramento para o ensino e a aprendizagem nos livros didáticos com imagens contribuindo para o sentido do texto.
Nos primeiros anos de contato do aluno com a língua escrita, ou seja, aquele período em que está em processo de aquisição dos fundamentos do código da língua escrita ele passa a ampliar o seu conhecimento cognitivo.
Os livros didáticos antigos são superestimados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que facilitam inserção deste material nas escolas, cujos mesmos já foram comprovados estarem desatualizados, em razão dos valores sociais exigidos aos grupos que a escola deve atender. Esses valores visam o desenvolvimento de outros letramentos utilizando-se de imagens mais contemporâneas e envolventes sem fugir do contexto social.
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